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sábado, 19 de dezembro de 2020

O CONCEITO DA SEGURANÇA EM AÇÃO

A Segurança em Ação é um conceito da evolução na prevenção de acidentes dos tipos imprevisíveis (inéditos) que somado ao conceito de segurança normatizada (prevenção de acidentes previsíveis) resultará na Segurança Industrial (prevenção de todos os acidentes ligados ao processo produtivo de uma empresa).

 

Os componentes da segurança industrial. Fonte: Daniellou et al. (2013, p. 4)

Segurança normatizada: visa evitar os acidentes previsíveis, já identificados anteriormente, com a adoção de regras, normas, padrões, na busca do "comportamento seguro" (cumprimento de regras).

Segurança em Ação: visa antecipar, perceber os desfuncionamentos não previstos (inéditos) e responder a eles. Se baseia nos Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança (FHO´s).

Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança (FHO´s): consiste em identificar e implementar as condições que favorecem uma contribuição positiva dos trabalhadores na construção da segurança industrial. Podem ser divididos em 4 grupos: (1) organização e gerenciamento; (2) coletivo do trabalho; (3) situação de trabalho; (4) indivíduo.

A evolução na prevenção de acidentes, segundo Daniellou et al. (2013), passou por 3 abordagens: (1) uma abordagem técnica de engenheiros melhorando a integridade das instalações; (2) implantação de sistemas de gestão de segurança; (3) atualmente, uma abordagem sobre a atividade humana com a integração dos FHO´s.


Abordagens sucessivas da segurança industrial. Fonte: Daniellou et al. (2013, p. 3)


Comportamento humano não é previsível, de maneira mecânica, porque pessoas diferentes podem adotar comportamentos diferentes numa mesma situação. Mas, ele é previsível em termos de probabilidade: algumas situações, mais que outras, favorecem alguns comportamentos.

O erro humano é um fator muitas vezes apontado como causa ou entre as causas de um acidente. Entretanto, muitas vezes os erros são as consequências de características da situação que não permitiu mobilizar as competências do trabalhador para evitar o acidente.

 A resiliência, em termos de segurança do trabalho, pode ser definida como a sua capacidade de antecipar, de detectar precocemente e de responder adequadamente a variações do funcionamento do sistema no que diz respeito às condições de referência, visando minimizar os efeitos sobre a estabilidade dinâmica.

Utilizando o modelo do queijo suíço, a prevenção de acidentes visa inserir diferentes barreiras (individuais, coletivas, técnicas e organizacionais) para evitar o acidente. Porém, segurança não pode ser baseada apenas no comportamento humano, pois, o ser humano erra, e muitas vezes por consequência das circunstâncias do trabalho. E mais, o modelo real não é estático e sim, dinâmico. O modelo real e alterado a todo momento, alterando o tamanho das falhas (furos) e se movimentando constantemente - fazendo com que a trajetória que leva a um acidente se alinhe com mais frequência.

Modelo de segurança do queijo suíço. Fonte: Daniellou et al. (2013, p. 59)


A ideia da Segurança em Ação é justamente atuar onde o modelo do queijo suíço pode falhar (considerando o modelo real dinâmico), ou seja, em situações imprevistas, não identificadas anteriormente, integrando-se à segurança normatizada e cobrindo estas lacunas. Como? Atuando nos Fatores Humanos e Organizacionais (FHO´s), na técnica e no sistema de gestão:

 1- fortalecendo a prática e a confiabilidade da segurança normatizada (veja mais sobre sistema de gestão SST aqui)

2- criando condições de trabalho efetivamente seguras, controlando os perigos a níveis aceitáveis de risco (veja mais sobre gestão de riscos ocupacionais aqui). Particularmente acredito muito no conceito do Poka Yoke - veja mais aqui, para criar barreiras efetivas contra os possíveis erros humanos (que poderão ocorrer)

3- cuidando ativamente da saúde mental dos trabalhadores, reconhecendo que poderá ocorrer erros e que cada trabalhador possui a sua individualidade (veja mais sobre riscos psicossociais aqui)

4- fortalecendo a cultura de segurança na empresa (veja mais sobre cultura de segurança aqui)

5- promovendo o retorno de experiências - REX (veja mais aqui sobre REX)

6- aumentando a atenção,percepção de riscos e participação coletiva no âmbito da segurança do trabalho (veja mais aqui sobre participação dos trabalhadores), promovendo as iniciativas, a resiliência e o conhecimento

7- praticando o exemplo da liderança (veja mais sobre liderança em segurança do trabalho aqui)

 

Referência bibliográfica:

Daniellou, F. et al. Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança Industrial: um estado da arte. FONCSI, 2013. Veja mais aqui.

 

Veja também:

Fatores organizacionais e humanos da segurança industrial

Modelo do queijo suíço 

O essencial da cultura de segurança

Retorno das Experiências (REX) 

Exemplo da liderança em SST

Participação dos trabalhadores em SST

Sistema de gestão SST

Gestão de riscos ocupacionais

HOP - Desempenho Humano e Organizacional 

Novo PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais

 Poka Yoke na segurança do trabalho

Percepção de riscos

 

 

 

 

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